quinta-feira, 29 de março de 2007

Análise de risco e rentabilidade

No sentido mais básico, risco pode ser definido como possibilidade de perda. Os investimentos de maiores possibilidade de perda são encarados como mais arriscados do que aqueles de menores possibilidades de perda. Mais informalmente, os termos risco e incerteza são usados indiferentemente com referência à variabilidade de retornos esperados. O risco existe quando quem toma decisões pode estimar as probabilidades relativas a vários resultados. As distribuições probabilísticas objetivas baseiam-se normalmente em dados históricos. Por exemplo, se um indivíduo deseja determinar as probabilidades relativas aos retornos de um dado investimento, poderá desenvolver uma distribuição probabilística baseada em dados históricos de retornos de outros investimentos do mesmo tipo. A incerteza existe quando quem toma decisões não tem nenhum dado histórico e precisa fazer estimativas aceitáveis, a fim de formular uma distribuição probabilística subjetiva. Neste contexto, as probabilidades são usadas para se determinar mais precisamente o risco envolvido num investimento. A probabilidade representa a chance porcentual de ocorrer certo resultado, e deste modo, ao se atribuir as probabilidades aos resultados de um investimento, é possível estimar o valor esperado de seu retorno. O valor esperado de um investimento é um retorno médio ponderado no qual os pesos usados são as probabilidades dos vários resultados. Apesar de o valor esperado poder não ser recebido, ele é um indicador do retorno provável se o investimento for repetido muitas vezes.

Risco e Tempo

O risco não deve ser considerado apenas em relação ao período de tempo presente, mas como função crescente do tempo. Embora os retornos relativos a um dado ativo se assemelhem a uma anuidade e, portanto tenham valores esperados semelhantes para cada período de tempo, não é raro encontrar diferentes graus de risco. Mesmo quando os valores esperados não são iguais em cada ano, as distribuições probabilísticas de retornos prováveis se tornarão mais dispersas com o passar do tempo, devido à dificuldade de se prever exatamente os resultados futuros. Como regra geral se as previsões forem feitas para um futuro cada vez mais distantes, mais variáveis e, portanto, mais arriscados serão os valores previstos. Obviamente, nos casos em que os retornos foram garantidos contratualmente ou de outra forma, é provável que o risco permaneça constante no tempo. Nos casos em que os valores esperados de retorno em cada ano diferem, deve-se usar o coeficiente de variação para esclarecer as diferenças no risco.

Risco e Retorno

Durante os últimos 20 anos, desenvolveu-se grande volume de teoria com relação à conciliação entre risco-retorno. O aspecto mais importante é o risco global da empresa, julgado pelos investidores de mercado. Tal risco afeta significativamente as oportunidades de investimentos e o que é mais importante, a riqueza dos proprietários. Denomina-se comumente de modelo de precificação de ativos financeiros (CAMP), a teoria básica relativa a risco e retorno. Ela foi desenvolvida para explicar o comportamento dos preços de títulos e fornecer um mecanismo que possibilita aos investidores avaliar o impacto do investimento proposto num título sobre um risco e o retorno do capital como um todo. O administrador financeiro deve entender a avaliação de ações, a fim de assegurar que suas decisões protejam e de preferência aumentem o preço da ação. Abordagens conhecidas, tais como valor contábil, valor de liquidação e multiplicadores preço/lucro são frequentemente usados para estimar o valor da ação. Contudo, a melhor abordagem define o valor da ação como sendo o valor atual de todos os dividendos futuros que se esperam receber durante um horizonte de tempo infinito. Já que a maioria das decisões financeiras afeta ambos, risco e retorno, uma avaliação de seu efeito combinado sobre o valor deve fazer parte dos cálculos da tomada de decisão financeira. Somente devem ser tomadas aquelas medidas que protejam e aumentem a riqueza dos proprietários da empresa.

Riscos Internacionais

Operar nos mercados internacionais envolve determinados fatores que podem influenciar as características de risco, retorno e valor de uma multinacional. Elementos de risco cambial (econômico) relacionam-se à existência de diferentes modelos e ao impacto potencial que possam ter sobre o valor atual das operações no exterior. Riscos políticos provêm principalmente de instabilidade política em inúmeros países e das implicações associadas aos investimentos e operações das multinacionais.

Risco de Projetos

Até este ponto a discussão de técnicas de investimento de capital tem sido baseada num mundo supostamente certo: as entradas de caixa foram conhecidas com certeza. O responsável pelas tomadas de decisão pode encarar as entradas associadas com um projeto com certas somente quando elas forem garantidas pelo governo federal ou por contrato. Utilizando os conceitos básicos de risco, pode-se apresentar algumas técnicas que podem ser usadas para ajustar o risco do projeto em investimento de capital, tais como: a abordagem subjetiva, as árvores de decisão, as abordagens estatísticas, a simulação, o uso de equivalentes com certeza e o uso de taxas de desconto ajustadas ao risco. A abordagem subjetiva do ajustamento ao risco envolve calcular o valor atual líquido de um projeto e então tomar a decisão de um investimento de capital com base na avaliação subjetiva do responsável pelas decisões do risco do projeto, à luz do retorno calculado. As árvores de decisão são diagramas que permitem mapear de maneira clara as alternativas e recompensas de várias decisões, bem como suas possibilidades de ocorrências. Apesar de fornecer um mecanismo que permite a quem toma decisões analisar as escolhas mais claramente e selecionar cursos de ação, as árvores de decisão não são métodos especialmente sofisticados para tratar do risco.

As abordagens Estatísticas

Nas abordagens estatísticas o ponto mais importante é que consideram explicitamente – não subjetivamente - os valores esperados, os desvios-padrão e as correlações entre projetos com vistas a selecionar aqueles que melhor cumprem os objetivos da empresa, través das técnicas combinadas com outras estatísticas. A simulação é uma abordagem mais sofisticada baseada em estatística para tratar do risco. Sua aplicação em investimentos de capital requer a geração de fluxos de caixa usando distribuições probabilísticas predeterminadas e números aleatórios. Pode ser desenvolvida uma distribuição que reúne os vários componentes do fluxo de caixa e repetindo o processo por várias vezes por meio de gráficos, por exemplo. Uma das abordagens mais diretas e, teoricamente, preferida para ajustamento do risco do projeto é o uso de equivalentes à certeza, os quais são fatores que refletem a porcentagem de uma dada entrada de caixa que o responsável pela tomada de decisão financeira aceitaria em troca das entradas de caixa esperadas. Deste modo, o projeto é ajustado ao risco, convertendo, em primeiro lugar, as entradas de caixa esperadas em montantes certos, usando equivalentes à certeza e, então, descontando as entradas de caixa pela taxa livre de risco. As Taxas de desconto ajustadas ao risco é uma última abordagem utilizada para o ajustamento ao risco de um projeto, no qual o administrador financeiro ao invés de ajustar as entradas de caixa pelo risco, como geralmente é feito usando-se a abordagem de equivalência à certeza e outras, desenvolve uma função que expresse o retorno exigido para cada nível de risco de projeto a fim de pelo menos manter o valor da empresa. São bastante úteis, pois são taxas de desconto exigidas pelo mercado para compensar o risco do projeto. Ao descontar as entradas de caixa pela taxa ajustada ao risco adequado, leva-se em conta automaticamente o risco do projeto.

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